Eu estava há mais de meia hora parada, enrolada em uma toalha olhando para minhas malas abertas. O que eu vou vestir? Eu não poderia colocar nada muito chique, afinal era só uma reunião com o pessoal da aldeia na casa de John. Olhei novamente para as roupas jogadas pela cama. Mas ele estaria nela e eu queria que ele me notasse. Mas e se ele não gostasse de mim? Afinal a última vez que ele me viu eu ainda era uma criança! Toda a minha insegurança veio a tona novamente. Me virei para olhar no espelho. Eu não era feia, mas deveria ter muitas garotas mais bonitas que eu em La Push,até me Forks.
Uma batida na porta me tirou dos meus devaneios.
– filha, tá todo mundo esperando!- meu pai disse do outro lado da porta.
Todo mundo! - Gelei!- Já estou quase pronta!- menti.
–Ok! – John respondeu e eu pude ouvi–lo descer as escadas.
Bom, eu não tinha mais tempo, e eu tinha que apostar todas as fichas. Peguei um corselet preto com botões na frente, que ajudavam a dar uma melhorada no corpo e coloquei uma calça jeans justa, uma bota sem salto. Passei lápis e rímel. Já o cabelo não tinha o que fazer. Escova, adeus você, pensei olhando pra fora e constatando que a chuva tinha parado, mas a umidade era visível em La Push. Teria que assumir os cachos de vez.
Respirei fundo e abri aporta do quarto.
–Olá!- uma senhora de traços duros, mas muito sorridente veio me cumprimentar no final da escada.- Não sei se você se lembra de mim, , sou Sue Clearwater .- ela me disse estendendo a mão e segurando a minha.
Cerrei os olhos tentando fazer força pra me lembrar, o nome não me era estranho, mas nada mais vinha na minha cabeça.- Talvez você se lembre mais dos meus filhos.- ela completou quando viu que eu não me recordava.- Seth é uns dois anos mais novo que você, e Leah é um pouco mais velha.
– Acho que deles em me lembro um pouco. –menti tentando ser educada. Ela sorriu em resposta.
– Eles estão por ai.- Sue falou fazendo um movimento circular com a mão.
– Oi!- uma moça risonha se aproximou. Ela seria linda se não tivesse a metade do rosto marcado por três cicatrizes que desciam até seu braço.
– essa é Emily, minha noiva.- Sam, que estava atrás dela falou.
– Olá, Emily!- respondi.
–Mas olha só que menina linda, você tornou!- um homem risonho em uma cadeira de rodas se aproximou de nós. Esse eu não tinha como não reconhecer, o mesmo sorriso.
– Tio Billy!- respondi, não controlando o impulso de abraçá-lo.
– Mas não é que a garotinha se lembra de mim!- ele disse rindo. Eu ria também, ter Billy tão perto queria dizer que Jacob também estaria, fazia meu sonho se tornar mais real.
– Finalmente! Achei que teria que mandar um dos garotos te arrancarem daquele quarto a força! – meu pai, pouco exagerado, me fazendo ficar com vergonha.
–Não demorei tanto assim, pai!
– Sim, mas Embry não parava de perguntar por você de cinco em cinco minutos!
Vi Embry, atrás de John, sorrir envergonhado. Ainda bem que não era só eu que estava encabulada. Na verdade toda aquela atenção me deixava sem jeito.
– Valeu, John!- Embry disse irônico.
– Ué! Não é verdade?- E se virando pra Billy, John completou. - Viu como minha filha está linda, Black?
– Pai! – reclamei, eu já não estava vermelha o suficiente? Tá certo que pais sempre acham os filhos bonitos, mas não precisam ficar falando.
– Muito bonita!Ainda bem que ela puxou a mãe, John!- Billy respondeu fazendo todos rirem.
Depois de mais algumas apresentações, ou reapresentações, eu já não agüentava mais de ansiedade.
– Bom,agora vou te deixar com os meninos.- meu pai me disse praticamente me empurrando pra cima de Embry, e girando nos calcanhares foi ao encontro da mesa onde os anciões estavam.
– Oi!- Embry disse sorrindo.
– Oi! – respondi, ainda tentando não dar na vista que estava procurando por ele.
–Você está muito bonita!
– Obrigada Embry!
– Vem,vou te apresentar os garotos!- ele disse pegando minha mão e começando a me puxar na direção oposta da casa.
Meu coração acelerou, minhas pernas travaram. Garotos!
Ele deve ter percebido minha relutância, porque parou de tentar me mover e se aproximou mais, falando no meu ouvido.
– Calma, eu não vou deixar nenhum deles ser mal com você. - ele sussurrou no meu ouvido, passando a mão pela minha cintura, e depois rindo.
Se eu estivesse com plenas capacidades mentais eu acharia que esse Embry estava meio saidinho. Não porque ele não fosse bonito, nem... como direi... bem apessoado de corpo (leia–se gostoso), e nem o fato dele andar praticamente semi– nu, com todo aquele peitoral definido a mostra, mas em dias normais eu teria tentado uma saída estratégica pela esquerda. Mas naquele instante, era melhor ter alguém por perto quando eu visse Jacob depois de tanto tempo. Ou era capaz de eu fazer algo constrangedor, como desmaiar por exemplo. Embry me trazia pra realidade.
– Vamos. –ele repetiu e eu apenas assenti.
Praticamente deixei que ele me carregasse até onde os garotos estavam reunidos em volta da fogueira, perto da mesa onde Emily e Sue não paravam de colocar mais e mais comida.
Eles eram quatro e mais Sam que já havia se juntado com eles. Passei os olhos pelos seus rostos, varias e varias vezes, mas nenhum deles era ele.
– , esses são Quil, Paul, Jared e Seth. – Sam apresentou.
– Pessoal, essa é a .
– Olá!- falei timidamente ainda me apoiando na enorme mão de Embry.
– Olá, !- eles disseram em coro. O que me fez rir, já que eles eram tão iguais. O que havia de errado com esses garotos Quileutes? Eles eram enormes, todos eles usavam o mesmo corte de cabelo curto. E todos eles andavam sem camisa, exibindo seus músculos. Não que isso me incomodasse.
– Mas como a brasileirinha ficou hot. – o que me parecia ser Paul, disse.
Senti Embry enrijecer ao meu lado me puxando pra trás dele, como se me protegesse.
Eu apenas ri, tentando ser simpática, mas não tinha gostado muito do tom dele.
– Obrigada!- respondi meio seca.
– Se comporte!- Sam praticamente rosnou as palavras para Paul, que acabou dando um passo pra trás. – Desculpe por isso, ! Prometo que eles vão se comportar!
– Tudo bem Sam! Não tem problema!- disse sorrindo para quebrar o clima.
Embry se sentou em um tronco e fez sinal pra que eu sentasse ao seu lado, ficando entre ele e Jared que nem tinha percebido a nossa aproximação, já que estava todo derretido conversando com uma garota.
–Caham!- Embry limpou a garganta tentando acabar com a melação dos dois, o que me fez rir.
– Ah! essa é Kim, minha namorada!- Jared apresentou a garota ao seu lado, se derretendo na palavra namorada.
– Olá, Kim!- tentei ser mais simpática possível, era bom ter amizade com uma garota no meio de tanta testosterona.
– Olá! – ela respondeu também simpática, mas logo voltando suas atenções para Jared novamente.
– Então, ...- Seth chamou minha atenção se sentando no chão à nossa frente. – Como é o Brasil?- Seth era visivelmente mais novo que o restante do grupo.
– Bom, – comecei e os outros se viraram me dando atenção.- é bem diferente daqui. Eu morava no sul do Brasil. As pessoas que moram lá são conhecidas como gaúchas.
– Você fala bem inglês, achei que você só falaria em espanhol!
– É português seu burro. – Quil ralhou com Seth, lhe dando um tapa na cabeça.- Não é ?
– Sim, é. – falei rindo.- Como eu nasci aqui, minha mãe sempre fez questão de falar inglês comigo. Assim não perderia o costume.
– E lá tem muita floresta?- Paul perguntou.
– Na verdade o Brasil tem bastante florestas, mas onde eu morava, apesar de ser uma cidade bem arborizada, não tinha florestas, era bem urbano. Não tão urbano como no sudeste dos Brasil, mas é uma cidade bem grande.
– Tipo Port Angeles?- Embry perguntou.
– Mais pra Seatlle, acredito.- um Own! de surpresa generalizado dos garotos me fez rir. – O que, vocês achavam que nós vivíamos feito Tarzan?- todos eles riram, inclusive Sam que até aquele momento só observava.
– E o que vocês comem por lá?- Seth parecia o mais interessado sobre a cultura gaúcha.
– Bom, a comida mais consumida pelo gaucho é churrasco.
– Churrasco?- ele pareceu não aprovar.
– Não é o churrasco americano, com hambúrguers e salsichas, lá churrasco vai praticamente uma vaca inteira, ou uma ovelha, a carne é assada em espetos grandes que ficam acima do fogo. Normalmente em churrasqueiras de tijolos ou mesmo em fogueiras no chão.
Então eles começaram a discutir sobre quem comeria uma vaca inteira em menor tempo, o que me fazia rir,cada vez que eles se gabavam de quanta comida cabia mais dentro de quem. Era incrível como aqueles garotos apesar de enormes, não passavam disso, de garotos. E eu me sentia bem perto deles. Mas de vez em quando meus olhos vagavam em volta, e eu tentava engolir o bolo que se formava na minha garganta. Ele não veio.
– Acho que Jacob não vem hoje. – Embry disse baixinho ao meu ouvido.
– O que?- disse espantada. Como ele sabia que eu procurava Jacob?
– Sabe, ele está com alguns problemas. – ele fez uma careta quando disse a palavra problema.
– Problemas?- não conseguia mais disfarçar minha curiosidade. Afinal eu tinha conseguido disfarçar alguma coisa hoje? Embry me mostrava que não.
– É, sabe ele é meio que apaixonado por uma garota.
Uma pontada de dor no peito me fez fechar os olhos. Reuni todo o restante da força que eu tinha para manter a minha mascara e esconder minha dor. – Ele tem namorada, é?
– Não. – ele fez outra careta.- Ela já tem namorado, só que ele não entende. É um pouco complicado de explicar. Outro dia eu te explico melhor.
– Ok!- eu já não sabia mais o que pensar, eu precisava ficar um pouco sozinha.- Embry vamos dar uma volta?
– Claro! – ele respondeu empolgado levantando do tronco, me estendeu a mão para que eu levantasse também, mas não fez menção de solta–la.
Eu não estava em condições de reclamar, na verdade que estava no piloto automático. Toda a minha inútil vida passava pela minha cabeça. Mas o que eu estava pensando esse tempo todo? Que ele ficaria me esperando,lindo e casto. Como eu podia ser tão imbecil? Eu já tinha feito algumas burradas na vida, mas dessa vez eu me superei.
– ?- a voz de Embry me trouxe de volta pra realidade.
–Hein?
– Perguntei se você queria beber alguma coisa?
– Ah, sim. Eu quero uma coca.
–Ok, já volto!
Eu nem vi Embry se afastando, e comecei a caminhar, imersa nos meus pensamentos.
Na verdade, Jacob não me devia nada. Ele nunca tinha feito nenhuma promessa, e mesmo que tivesse feito, do que valeria uma promessa de uma criança de oito anos? Mas nem para aparecer pra me ver, ele devia ter se esquecido totalmente de mim. Mas eu também havia me esquecido de muita gente, talvez eu só não tivesse tanta importância na vida dele como ele tinha na minha. Mas eu não o culpava. A única idiota da história era eu.
Parei de andar quando senti meus pés afundando na areia, já era tarde e o vento estava forte. Não que ele me incomodasse. Mas como eu tinha vindo parar na praia mesmo?
Caminhei mais um pouco e me sentei em um tronco esbranquiçado pela maresia. Fiquei observando a escuridão. Na verdade não estava tão escuro, eu consegui distinguir os contornos dos penhascos e das árvores, até mesmo as que estavam bem afastadas. Senti uma lágrima correndo pelo meu rosto e logo várias fizeram o mesmo caminho. Quanto tempo desperdiçado por uma ilusão romântica.
– !- a voz aliviada de Embry me alcançou.- Ainda bem que eu te achei!
– E como você me achou?- perguntei sem desviar os olhos do mar.
– Eu tenho um bom faro!- ele disse divertido.
Eu ri sem humor. Mas então ele se aproximou mais.
– Você estava chorando?- perguntou preocupado.
– É que esse lugar me trás boas lembranças.- menti. Na verdade não era uma mentira, aquele lugar me trazia boas lembranças, mas não era por isso que eu chorava.
– E eu não estou em nenhuma dessas lembranças?
– Não sei! Quem sabe você me conta alguma lembrança que você tenha de mim e eu te digo se me lembro ou não.
– Ok. – ele pensou por um instante. – Uma vez eu colei chiclete no teu cabelo.
Eu arregalei os olhos. – Foi você?
– Foi.- ele respondeu divertido.
– Você sabe que eu tenho pavor de chiclete por causa disso? Minha mãe teve que cortar meu cabelo!- falei com uma falsa indignação.
– Você não olhava pra mim, eu tinha que tomar atitudes drásticas.
– Eu não brincava com você? Mas que menina antipática que eu era.
– É, espero que isso não se repita.
– Bom, se isso se repetir, espero que você me fale antes e não cole chiclete no meu cabelo.
– Vou tentar me lembrar disso. – ele disse rindo, me fazendo dar um tapa em seu ombro.
– Me conta outra.- pedi. Embry conseguia fazer minha tristeza se afastar por em quanto. Mas eu sabia que era só eu ficar sozinha que ela voltaria com tudo.
– Não.
–São tão ruins assim? Eu fui muito má com você?
– Má não, indiferente só.
– Indiferente?
– É, você só tinha olhos pro Jake. – ele disse e depois sorriu.
Eu não tinha palavras, não tinha como retrucar aquilo. Estava certo. Eu nunca olhei pra nenhum garoto, minha vida toda eu só via Jacob na minha frente.
– Me desculpe por isso!- falei abaixando os olhos e olhando para os meus pés.
– Só se você me prometer não me ignorar mais.
– Prometo.
– Então tá desculpada. Vamos? Seu pai deve estar preocupado.
– Vamos. - nos levantamos e Embry passou seu braço pelos meus ombros. Era bom estar ali perto dele. Ele me fazia sentir bem.
1 comentários:
ainda bem que postaste :3
amei mesmo *----*
POSTA DEPRESSSSSSSSSSSSSSSSSSA.
-A.
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