terça-feira, 31 de janeiro de 2012

FANFIC Sol e Chuva - Capítulo 22





Capítulo 22


Eu havia decidido que iria dar um tempo dos garotos, claro que não podia ignorá-los totalmente, pelo menos com Embry que fazia ronda comigo, mas eu tinha acionado o modulo “amigos” e ele havia entendido o recado. Já com Jake, desde aquela madrugada, nós havíamos nos visto muito pouco e mal trocado algumas palavras.

- o Call quer falar com você! – Chris me chamou, colocando a cabeça pela porta. Eu estava no pequeno depósito da loja, tentando dar ordem ao caos que se instalava lá.

- Estou indo! – respondi tirando as luvas de látex e o avental que eu estava usando, enquanto fazia a limpeza do local, e colocando em cima de uma prateleira qualquer.

- Não quer que eu peça pra ele entrar? – Chris perguntou sugestivamente, claro que ele ainda tinha esperanças que eu ficasse com o Embry. Fiz uma careta de desdém enquanto o empurrava para a parte da frente da loja.

- Oi ! – Embry me cumprimentou receoso, esperando minha reação.

- Oi Em! – respondi sorrindo, e ele riu de volta aliviado, percebendo que meus planos de ser indiferente com ele já haviam sido esquecidos. Embry era meu amigo e eu o amava demais para conseguir ficar muito tempo afastada dele.

-Hoje tem reunião na casa da Emily. – ele disse mexendo em uns folhetos que estavam em cima do balcão.

- A que horas? – perguntei.

- As 6 PM. Quer que eu passe aqui para a gente ir junto? – Embry perguntou apenas levantando os olhos e me encarando receoso.

- Pode ser. – respondi e ele sorriu mais ainda. Eu realmente não conseguia me afastar do Embry.

- Então até as seis! – ele disse antes de se despedir de Chris e sair.

- Então vocês tem um encontro? - Chris perguntou, com um sorriso malicioso nos lábios.

- Não é nada disso, é só uma reunião entre os jovens da tribo! – disse antes de me mandar para os fundos terminar a arrumação que eu tinha começado. Tudo que eu não queria era mais uma conversa com Chris, tentando o convencer do que nem eu mesma tinha certeza, que eu estava resolvida a esquecer qualquer assunto referente à Jacob e Embry.

Assim que avistamos a casa de Emily, ela estava na varanda com uma linda criança no colo conversando com uma outra garota de aproximadamente 13 anos.

- Olá ! Olá Embry! – ela nos cumprimentou. Quero que vocês conheçam minhas sobrinhas, Lisa – ela apontou para a garota- e Claire. – Emily disse sorrindo para a bebê em seu colo. – Elas vieram me fazer uma visita.

- Como vai! – as cumprimentei, passando a mão pelo lindo cabelo negro de Claire.

Logo ouvimos o barulho da algazarra dos outros garotos chegando, seguindo logo atrás de Sam. Foi então que algo aconteceu. Quil ultrapassou os outros, sem retirar os olhos da garotinha nos braços de Emily. Parecia que nada mais existia. Rapidamente ele cobriu a distância que separavam os dois. Seus fixos nos dela. Logo os garotos ficaram quietos, eles já sabiam o que estava acontecendo, eu por outro lado, nunca tinha visto um Imprinting se formando.

A reunião se seguiu estranhamente quieta. Eu em especial, passei o tempo todo de costas para Jake, tentando engolir o bolo que estava preso em minha garganta. Mais cedo ou mais tarde isso também poderia acontecer com ele. E era algo que eu nunca poderia lutar contra. Observei Leah, sentada em um canto. Será que algum dia eu me tornaria amarga que nem ela? Vivendo de lembranças de um amor que nunca voltaria? Desviei os olhos para o chão impecavelmente limpo de Emily.

Sam dividiu os grupos mais uma vez, ainda estendendo as patrulhas para a casa dos Swans. No final da reunião, meu celular vibrou no meu bolso da calça. Era meu pai pedindo para que eu passasse na casa de Billy para pegar um peixe frito que Sue havia deixado lá. Como se em casa já não houvesse peixe suficiente no congelador! Eu tinha certeza que isso só passava de mais uma tentativa de Billy, de me aproximar de Jacob.

- espera! – Jacob chamou, depois que eu já havia me despedido dos outros garotos e já estava a caminho da casa dele. Ele deu uma corridinha e alcançou os poucos metros que eu já havia caminhado. – Você está indo pra minha casa?

- Sim. – respondi sem olhá-lo nem diminuir o ritmo. Ainda estava abalada com a história de Imprinting.

- Billy avisou. – ele disse me acompanhando e andando ao meu lado com as mãos no bolso da bermuda que usava. Eu assenti. – Você ficou abalada com a história do Imprinting. – não era uma pergunta, era uma afirmação. Não respondi, apenas continuei olhando para a linha das árvores que cercavam a trilha, agora escura. – Sabe, isso pode acontecer. Está nas nossas lendas. – Jacob disse desviando os olhos do chão e me encarando de lado enquanto caminhávamos. – Não é como se fosse uma coisa ruim, essa criança vai ser muito amada. Quil será o melhor irmão mais velho e o mais gentil que alguém já teve. Não existe um bebê que seja mais bem cuidado do que aquela garotinha será. E depois, quando ela for mais velha e precisar de um irmão, ele será mais compreensivo, confiável e presente do que qualquer pessoa que ela conheça. E depois, quando ela for adulta, eles serão tão felizes quanto Emily e Sam. – ele tentava me explicar.

- Não é em Quil que eu estou pensando. – falei desviando para olhar para ele, meus olhos se enchendo de lágrimas.

- É em que, então?

- É em como isso parece ser inevitável, como se fosse o destino de todos vocês. – minha voz saiu mais baixa na ultima parte, como se eu não tivesse forças para colocá-las para fora.

- Isso não é uma regra. E na verdade, pode acontecer com você também. - ele disse flexionando o maxilar e juntando as suas sobrancelhas.










-Não tem nada dizendo que isso pode acontecer com uma garota loba, Jake.

- as lendas não diziam nada sobre garotas lobas, e olha só o que aconteceu. – ele me deu um encontrão com o ombro, me fazendo estremecer com o toque. – Mas eu também não queria ver isso acontecer com você. – ele disse tão baixinho, que eu cheguei a duvidar de que tinha ouvido. Mas meu coração acelerou.

- Vocês chegaram!- Billy disse da varanda, assim que colocamos os pés no gramado do quintal da casa deles. - que bom que você veio!

- Oi Tio Billy! – o cumprimentei com meu melhor sorriso. Não precisei fazer força, eu gostava muito de Billy.- Vim buscar o peixe!

- Só assim para ela nos fazer uma visita, pai! Só por causa de comida!- Jake disse soltando uma alta risada logo sendo acompanhado por Billy. Eu fiz um “O” indignado com a boca e dei um tapa no ombro de Jacob, fazendo ele alisar o local com a mão depois. Mas acabei rindo também.

O telefone tocou e Billy entrou ainda rindo para atender. - Jake, é para você!- ele gritou de dentro de casa. Jake entrou e eu o acompanhei sentando no sofá. Ele pegou o aparelho da mão do pai, que me lançou um olhar cheio de significados.

-Alô?... Oi, Bella - Jacob disse, e se virou de costas para mim, cuidadoso de repente.- O que foi? - Virei a cara para a janela, fingindo ver alguma coisa. Sentia o olhar de Billy fixo em mim, e aquilo me deixava pior. -...- Sugador de sangue estúpido! -Fechei os olhos tentando controlar a dor que me tomava. -... -Eu pensei que ele ia embora. Será que você não pode ter uma vida quando ele está longe? Ou ele te tranca no caixão dele?- ... - Eu não achei engraçado. - ... - Ele vai estar se alimentando em Forks então?- ... - Oh. Bem, ei, venha agora, então,- ele disse com entusiasmo repentino.- Não está tão tarde. Ou eu vou te buscar na casa de Charlie. - Como é? Queria gritar. Senti minhas mãos tremerem e vi que estava no meu limite.

- Jake, estou indo! – falei com a minha última reservas de auto-controle. Ele pareceu não me ouvir. Billy me olhou com os olhos cheios de pena e me esntregou o pacote com o peixe, isso era demais. Fui embora. Sem me preocupar em ouvir o restante da conversa.

Eu já estava há alguns bastante metros da casa de Billy e estava tão concentrada em não me transformar que não percebi que Jacob já estava bem próximo.

- Espera ! – ele disse, mas eu só fiz uma negativa com a cabeça apertando mais os passos, tentando manter minha concentração. – Espera um pouco! – ele agarrou o meu braço restringindo o meu movimento. – Eu quero me explicar!

- Você não tem nada que me explicar Jake, sério mesmo! Você não me deve nada! E eu não quero fazer mais parte disso! – falei puxando o meu braço que ele acabou soltando. – Adeus Jake! – disse por fim me pondo a correr em direção a minha casa. Sabia que se ele quisesse, poderia me alcançar mas ele não veio.

oOo

No sábado eu acabei decidindo fazer compras para casa. Fui ao mercado comprei tudo o que precisava e coloquei as sacolas na cabine da caminhonete, enquanto procurava pelas chaves dentro da bolsa.

- Hey, ! - eu estava tão distraída que a voz conhecida me deu um susto. Me virei para dar de cara com Sam. Franzi a testa.

- Hey, Sam! O que você está fazendo aqui?

- Tive que vir comprar mais suprimentos para a festa de hoje a noite. - Ele cruzou os braços e mudou o peso do corpo para a outra perna, enquanto me olhava preocupado. – Você sabe que hoje vai haver uma festa na praia com todo o conselho Quileute...

- Eu sei, meu pai é do conselho, sabia? – dei uma risadinha que ele retribuiu de volta.

- Eu acho importante você ir.

- Você quem sabe chefe - eu sabia que ele ainda não tinha chegado a onde queria.

- Você está bem? – ele disse e eu suspirei.

- Melhorando!

- Se quiser conversar você já sabe! – Ele disse baixando a cabeça e colocando a mão no meu ombro.

- Pode deixar que eu te procuro, Sam! – ele bateu no meu ombro e sorriu se afastando. Suspirei e entrei na caminhonete indo para casa.

Sentei no circulo mais distante do centro da fogueira, o mais escondia possível. Vi Jacob me procurando, mas ele não me viu. Mas eu o via muito bem.









Lugar perfeito, . Pensei. O quanto mais um coração pode ser machucado e continuar batendo? Ah esqueci, eu sou uma lobisomem, me curo fácil.

De onde eu estava eu podia ver os dois juntos. Bella era uma menina bonita, cabelos compridos e enormes olhos castanhos. Era tão branca, conseguia ser mais que eu. E era tão frágil que parecia que ia quebrar a qualquer momento. E ela sabia disso. E usava isso. Será que ela sabia o mal que me causava? A dor dilacerante que eu sentia agora? Eu devia me levantar, ir me apresentar, mas era covarde demais para isso.

- Ai está você! – Embry passou a mão na minha cabeça.

- Oi Em! – ele se sentou ao meu lado.

- Vai ficar aqui atrás a noite toda?

- Aham- era só o que eu conseguia dizer.

Ele me olhou nos meus olhos e perguntou: -Posso ficar aqui com você?

- Claro meu querido, claro que pode! – e me debrucei no seu braço. Seth se sentou no meu outro lado. E eu acabei passando meu outro braço pelo o dele também. Segurei uma mão de cada um, procurando por suporte.

- Você vai comer esse cachorro quente?- ouvi Paul dizer a Jacob.

Jacob se encostou nos joelhos de Bella e continuou a brincar com Paul. Virei a cabeça para olhar o mar ao longe e ouvir as ondas quebrando em baixo do penhasco onde estávamos. Não podia ser saudável o que eu estava fazendo. Embry passou o braço por meus ombros e eu apoiei a cabeça nele.

Eu continuava ouvindo a voz de Paul e Jacob no fundo, mas me negava a olhar naquela direção. Comecei a fazer desenhos na areia com um pequeno galho.

- Vão comer alguma coisa vocês dois! – falei e eles me olharam como se aquilo não fosse uma coisa certa a fazer. – Sério, eu estou bem! – forcei um sorriso. Seth se levantou, mas Embry não se mexeu.

- Posso trazer alguma coisa para você? – Seth perguntou.

- Sim, mas só depois que você estiver satisfeito.

-Ih, isso pode demorar.- ele passou a mão na barriga enxuta.

– Vai, te manda!- Falei e ele me deu um beijo no rosto e foi.

Embry levantou rapidamente e saiu, voltando logo em seguida com vários cachorros-quentes para nós dois. Eu sorri e peguei um.

A noite se seguiu com muitas histórias Quileutes, fechei meus olhos e me aconcheguei mais nos braços de Embry, mesmo que não fossem os braços que meu corpo pedia. Me deixei viajar pelas lembranças de meus ancestrais, a voz de Billy preenchia os meus pensamentos, e eu me vi em outra época. Senti que realmente eu tinha um propósito, e nada iria me desviar dele. Eu tinha recebido um dom. Um presente de meus antepassados e deveria sentir orgulho disso. Eu nunca pensei que havia nascido para ser uma mártir, na verdade eu sempre fui muito individualista. Agora estava na hora de me redimir e eu só devia me preocupar com uma coisa: a felicidade de Jacob. Jacob estava feliz? Me parecia que sim. Então isso para mim era o mais importante.

Abri meus olhos, e já não havia quase ninguém em roda da fogueira todos estavam espalhados conversando. Alguns dos garotos disputavam os últimos cachorros quentes. Bella estava adormecida e Jacob estava em pé ao seu lado falando com alguém ao celular. Eu me levantei, passando a mão para retirar a areia da minha calça jeans e comecei a procurar com os olhos meu pai no meio dos anciões. Quando novamente eu olhei para o lugar onde estava Jacob, ele me encarava tristemente, Bella continuava adormecida. Eu sorri para ele, queria dizer que estava tudo bem, que ele seguisse com seu destino, mas só me virei e fui embora com Embry procurar meu pai.

As nuvens já cobriam o céu da noite. A chuva não iria demorar a chegar.




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