terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Sol e Chuva - Capítulo 17





Capítulo 17


Peguei uma carona com meu pai para meu turno na loja. Claro que ele só me deixou lá e se mandou, dando desculpas que precisava ir até a marina ver um motor novo para o barco dele. Chris ainda não havia chegado da hora do almoço. Entrei na loja virando a plaquinha de OPEN e indo para trás do balcão me debruçando sobre ele.

-Credo, que cara de ressaca que você está! – Chris disse entrando pela porta. Só levantei os olhos para ele. – Que aconteceu darling? - Chris deu a volta no balcão e parando ao meu lado com um olhar preocupado.

- Acabou! – foi a única coisa que consegui falar sem que as lágrimas teimosas voltassem a escapar.

- O que acabou?

- Tudo! – respirei fundo - Jake disse... disse... – eu não sabia se conseguiria falar, ouvir aquela história em voz alta me fazia reviver tudo aquilo.

- O Black disse o que, criatura?

Mordi o lábio inferior tentando criar forças para repetir as palavras de Jacob. – Ele disse que era para que eu ficasse com o Embry. – resumi.

-Mas você não disse o que sente por ele?- Chris perguntou colocando as mãos na cintura.

- Não disse com todas as palavras, mas... – larguei os ombros e suspirei.- ele entendeu.

- Tem alguma coisa estranha ai! – Chris resmungou apertando os olhos até que eles ficassem em só um rico.

A sineta da porta tocou anunciando a chegada de alguém. Dois turistas entraram na loja indo direto para o lado das varas de pesca. Chris foi atendê-los, me deixando com uma interrogação no meio da testa.

Após a saída dos clientes, Chris me pediu para contar o restante dos acontecimentos. – Primeiro me diz o que você achou estranho. – instiguei.

- Tá muito estranho . O cara dá todos os sinais que tá afim de você, e de uma hora pra outra muda de idéia? Tem alguma coisa ai. - O quanto os dois são amigos?

- Eles são muito amigos Chris. – falei, mas já não me permitindo criar esperanças com as conjecturas dele. – Mas não creio que isso tem alguma coisa a ver.

- Porque não?

- Porque senão ele teria feito isso desde o inicio. – apontei.

- Só que ele não sabia o quanto você estava se envolvendo.

- Errado! Jacob não sabia que eu estava envolvida, e isso fez ele se tocar que o negócio estava sério demais. E fez ele pular fora, já que ele não queria se envolver. Afinal Jacob ama a Bella. – tentei resumir a situação da melhor maneira para que Chris entendesse o que se passava.

- Não acredito nisso!

- Chega Chris! Acabou ok? Eu não quero mais ficar sofrendo com isso.

Chris levantou os braços em redenção. – E o Call? Já pensou o que vai fazer com ele?

- Não posso fazer nada enquanto não deixar de amar o Jacob.

- Só presta atenção no que eu vou dizer e não vou mais falar nisso até que você me autorize. – Chris falou com o dedo em riste. – Jacob não é idiota, ele só tem um coração enorme.

Um coração enorme que não tem lugar pra mim. - Chris eu já disse que não quero mais falar sobre isso. – falei indo pegar as caixas que haviam chegado com mercadoria.

- Tudo bem! – ele respondeu.

- Outra coisa Chris!

- Hmmmm?

- Onde compro um vestido para o baile do colégio?

- Port Angeles meu anjo!

Agora eu tinha algo que ocupar minha mente, planejar minha ida a Port Angeles comprar o bendito vestido para a festa. Meu celular vibrou no bolso da minha calça. Atendi sem nem olhar o visor.

- Alô?

A voz rouca atravessou o aparelho, aumentando minha freqüência cardíaca. - , é o Jake! - Falou como se meu coração não reconhecesse a voz dele.

- Oi Jake! – tentei controlar minha voz sem muito sucesso. Chris levantou os olhos me observando.

- Sam pediu pra te avisar que tem reunião hoje na minha casa.

Era só assuntos profissionais. – Ah sim! – tentei não parecer decepcionada.

- As 6 PM, ok?

- Eu estarei lá! Obrigada por avisar, Jake! - Só amigos, só amigos. eu repetia mentalmente com os olhos fechados sabendo que logo ele iria desligar. Queria puxar algum assunto para prolongar a conversa, mas nada me vinha na mente.

-!

Esperei uns segundos, mas ele não continuou. – Sim, Jake?

- Eu ... – ele soltou um suspiro resignado no outro lado da linha.- ... te espero aqui em casa, então. Tchau!

- Tchau! – e ele desligou. Ainda fiquei encarando o aparelho em minhas mãos por mais alguns segundos. Aquela última parte havia sido estranha.


Eu estava parada no final da trilha há algum tempo. De onde eu estava via a casa de Billy muito bem. Bato ou espero alguém chegar para entrar junto? Me perguntava mentalmente. Desde quando fiquei tão medrosa? Respirei fundo e caminhei o resto do caminho até a porta e bati.

- Oi ! - Billy atendeu a porta sorridente.

- Oi Tio Billy!

- Entre e sente-se, Jake está tomando banho! – ele informou.

- Ninguém chegou ainda? – perguntei enquanto me sentava no pequeno sofá e observava que só Billy estava na sala.

- Não, acho que você chegou cedo! – ele disse sorrindo, o que marcava mais as rugas de seu rosto. Cedo? Olhei o relógio da parede que marcavam 6:15 PM.o.O – Sente-se aqui comigo, . – disse se aproximando da mesa da cozinha. Me levantei e sentei a sua frente. Billy me analisava profundamente, parecia que estava vendo a minha alma. – Como você está? – ele perguntou depois de alguns segundos.

- Bem, tio. – respondi tentando sorrir o melhor que podia.

- Você está sentindo falta do Brasil?

- Um pouco. Sinto muita falta da minha mãe.

Billy estendeu a mão e tocou na minha. – Tudo vai dar certo ! - assenti sem saber direito do que ele falava, mas torcendo que as palavras fossem verdadeiras. – Jake me disse que você tem uma belíssima moto.

- Sim, mas acho que vou ter que vende-la. – falei cabisbaixa.

- Porque querida?

- A garagem de John é pequena, e acaba eu tendo que deixá-la no lado de fora e isso... – mas então Jacob saiu do banheiro parecendo um monumento a um deus pagão, usando somente uma bermuda e me deixando completamente atordoada. Gotas corriam pelo seu peito caindo de seu cabelo ainda molhado.

- Você está ai? – ele perguntou com seu sorriso de sol me deixando mais deslumbrada ainda. Eu tentava raciocinar, sabia que tinha que responder alguma coisa, mas meu cérebro parecia que tinha ido dar uma volta e deixado um lugar vazio no lugar.

- Filho, a estava me dizendo que vai ter que vender a moto. – Billy veio ao meu socorro.

- Por quê? – Jake perguntou se sentando na cadeira ao meu lado. Seu perfume me acertando em cheio. Tenha misericórdia!

- Porque a garagem de John é pequena demais.- Billy veio ao meu socorro novamente, agora sorrindo. Decerto estava se divertindo da minha idiotice. – Jake ,porque você não oferece um lugar na nossa garagem? Afinal lá tem bastante espaço.

- Claro, você pode trazê-la amanhã. – Jacob me disse.

- Não precisa, eu sei que darei outro jeito. – falei apavorada com a idéia. Já era difícil sem ter algo que me unisse a Jake. – mas muito obrigada por oferecerem.

- Para de besteiras, . Se você não trouxer amanhã, eu passo na sua casa e busco ela, huh?

- Tá certo! – disse rendida no momento em que Sam, seguido pelos garotos, entraram pela porta.

- Olá Billy! – Embry se sentou a mesa conosco.

- Olá garoto!

- passei na loja pra gente vir junto e Chris disse que você já tinha vindo. – Embry me disse.

- O recado que recebi era que a reunião era as 6 PM.

- Na verdade era as 6:30. – Embry me disse.

- Devo ter entendido errado. – falei dando de ombros.

A reunião se seguiu com a apresentação dos dois novos garotos do bando, Collin e Brad. O que me deixou muito surpresa já que eles não passavam de crianças, sendo mais jovens até do que o Seth. Até Sam e Billy pareciam apreensivos com uma transformação tão cedo. Alguns garotos atacavam a cozinha enquanto eu continuava sentada a mesa com Billy.

- Tio Billy, porque será que essas transformações estão ocorrendo tão cedo?

Ele me olhou seriamente. – Alguma coisa muito grande está para acontecer. – disse com a expressão fechada, me causando um frio na espinha.

Os garotos se despediram algum tempo depois, saindo uma a um. Juntei alguns copos e pratos que ficaram espalhados pela pequena sala levando até a pia da cozinha.

- Pode deixar isso ai, .- Jacob disse parando atrás de mim.

- Não me custa nada ajudar Jake.- falei sem me virar para encará-lo. Só saber que ele estava ali, a poucos centímetros já me causava palpitações.

- vamos? – Embry chamou da sala.

Larguei o pano de prato me virando rápido, mas tive que me segurar na pia. Jacob estava mais perto do que eu imaginava, seus olhos fechados com força, o maxilar tenso. Ele parecia concentrado. – Boa... Boa noite, Jake! – consegui colocar para fora. Me afastei dele saindo da cozinha e indo em direção a porta rua onde Embry me esperava.

- espere! – Billy me chamou. Respirei fundo antes de me virar tentando disfarçar o quanto estava afetada. – Queria muito te mostrar uma coisa, você poderia ficar um pouco mais?

- Claro! – respondi, mas por dentro tudo que eu queria era sair dali e manter uma distância segura, mas parecia que mais e mais eu era puxada para aquela casa, para Jacob. – A gente se vê mais tarde Embry. – falei me virando para ele que continuava parado na porta. Embry assentiu me deu as costas e saiu correndo para a floresta escura.

Entrei caminhando devagar até o meio da sala onde assisti Billy ir empurrando a cadeira de rodas pelo minúsculo corredor que levava aos quartos. Jacob estava encostado na batente da porta da cozinha e me olhava com a expressão indecifrável com os braços cruzados na altura do peito. Tentei manter meu olhar fixo na porta onde Billy havia entrado.

Poucos segundos ele voltou com uma caixa no colo. – Não sei quando você vai voltar, então queria te mostrar o que nós temos guardado. – Billy disse colocando a caixa, um pouco maior que uma caixa de sapatos em cima da mesa. Me aproximei curiosa puxando uma cadeira e me sentando. Billy tirou de dentro algumas fotos me entregando. Eram fotos de Jacob e minhas quando crianças.





Jacob se sentou ao meu lado, também olhando as fotos da caixa. Ele sorria assim como eu, já que elas traziam as mesmas lembranças. Quase todas as fotos nós dois estávamos juntos. Engoli em seco quando a ficha caiu, eu baseei o meu amor naquelas lembranças. Lembranças de uma infância, já que éramos somente crianças, só isso. O bolo enorme se formando em minha garganta. As bordas da ferida no meu peito doendo. Ilusão, ilusão, ilusão. era só o que via em minha mente.

- Obrigada Tio Billy, adorei ver essas fotos, eu realmente não me lembrava delas, mas tenho que ir. – disse me levantando tentando não aparentar o que estava sentindo. Minha máscara desmoronando.

- Quer que eu te acompanhe? – Jacob perguntou também se levantando.

- Não precisa, eu já sei o caminho. – tentei mascarar minha angústia com brincadeira. Sorri para eles quase correndo porta fora. – Tchau tio Billy! Obrigada por tudo! Tchau Jake!- mal ouvi a resposta, sabia que Jacob tinha dito mais alguma coisa mas eu já saia pra noite, respirando o mais fundo que podia, corri para a escuridão o mais rápido que meus pés humanos conseguiam.



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