Capítulo 34
Tabatta: e você acha certo deixar ela sozinha? – murmurava no escuro da sala de cima, mas eu podia ouvir do meu quarto.
Edward: eu não tenho outra opção, Tabatta. Eu preciso ir à reunião com o advogado. Temos que conseguir um inquérito de busca contra a sua mãe... – a voz de Edward parecia mais aflita do que de manhã quando me trouxera para casa do hospital.
Tabatta: aquele monstro não é a minha mãe. A minha mãe se chama Bella.
Thomas se mexeu ao meu lado na cama de casal, enquanto eu sentia o meu coração se encher de orgulho. Era tão bom saber que ela me considerava tanto quanto eu a considerava. Os sussurros na sala ao lado não cessaram.
Edward: desculpe-me. – respondeu, com certo tom de vergonha – mas seja como for, eu vou ter que ir. Fique com Bella e com o seu irmão. Prometo voltar com noticias.
Tabatta: está bem... Eu te amo, pai. – suspirou...
Edward: eu também te amo, filha. – A porta da sala bateu, depois houve silêncio. Ouvi movimento na sala, depois na escada, logo após no quarto de Tabatta... Os sons da televisão baixinha eram percebidos...
Eu queria me levantar.
Mas eu não conseguia. Eu estava sem forças por não comer. Enjoada de nada e totalmente tonta pela gravidez. E cheia de marcas no coração.
Ajeitei-me na cama com Thomas dormindo ao meu lado, de modo que seu pequeno corpo ficasse alinhado ao meu. Protegido. Eu não queria nada nem ninguém perto dos meus filhos que não fossemos eu e Edward. Nenhum lugar era seguro o bastante.
Ele resmungou, mais continuou preso em seu sono pesado... Respirando tranquilamente contra a pele do meu pescoço, com as mãos enroscadas na minha blusa e no meu sutiã. Concentrei-me no barulho que ele fazia ao sugar a chupeta... E me lembrei que na verdade, tinha algo sim errado ali.
Era pra eu ter meus dois bebês.
O telefone começou a tocar alto. Não havia empregadas na casa naquele dia, pois Edward demitira todas logo cedo. Ele tinha medo de que qualquer uma delas pudesse estar envolvida com Barbara ou Kelly. O telefone parou de tocar, e a voz de Tabatta era reconhecida ao longe por meus ouvidos.
Porém, do nada surgira na porta com o rosto muito branco.
Tabatta: Mamãe...? – o chamado veio baixo e excitado. – está acordada?
Bella: sim amor... – respondi tentando ser firme, mais me dei conta de que a minha voz ainda era chorosa e que de meus olhos escorriam lágrimas. – o que houve? Era o papai?
Tabatta: era. – meu coração parou – ele disse que... Que a Barbara foi encontrada.
Não sei de onde tirei forças, mas sei que o pulo que dei para me sentar causou um grande estrondo, tanto que Thomas acordou sobressaltado, me procurando.
Bella: o que? – gritei – onde ela está? O que ele disse?
Tabatta: ele me disse que ele está a caminho, pois recebeu a ligação do advogado quando virou a esquina. Ela está com a policia no fórum. Falou também que se você quiser ir pra lá, tem que ser agora! – ela me olhou ficar de pé com Thomas no colo, indo em direção ao closet. – você vai mesmo?
Bella: é lógico que sim. – respondi, tentando alcançar uma saia preta de cintura alta e uma básica blusa branca.
Tabatta: vem comigo, Tominhas... – ela puxou Thomas do meu colo, e ficou me olhando se trocar. Não levei mais de dez minutos, completando o visual com um salto confortável e cabelo preso. Não passei maquiagem, apenas lavei o rosto e passei um leve batom de brilho. Apanhei a bolsa, a bolsa de Thomas e sai com um no colo e a outra sendo agarrada pela mão. – mãe, calma... Você não pode se estressar. O papai disse que faz mal pro bebê.
Coloquei Thomas preso a cadeirinha, e Tabatta no banco da frente. Liguei o carro e sai derrapando até chegar a bendita delegacia.
Barbara estava com eles. Barbara.
Não a minha filha.
Nunca dirigi tão rápido pelas ruas da cidade. Mais rápido do que meu pensamento, eu já estava tirando as crianças do carro e andando em direção a porta central do fórum. Com Tabatta ao lado e Thomas no colo, caminhei apressada até encontrar a informante. Perguntei sobre Edward, ela me disse que estava ouvindo o depoimento da acusada no segundo andar.
Perguntei se podia entrar. Eu podia. As crianças não. Pedi a ela que ficasse com eles pra mim, ela disse que não havia problema, pois tinha uma sala especial para as crianças aguardaram na delegacia. Deixei Tabatta e Thomas lá e subi correndo as escadas para o segundo andar.
EDWARD POV
Barbara: de inicio, fui trabalhar na casa dos Cullen querendo apenas ganhar o meu dinheiro. Era uma família boa, tinha ótimos patrões e dois bebês lindos mais a menina mais velha pra tomar conta. Para mim foi o céu de inicio.
Interrogador: o que você quer dizer com “de inicio”? O que houve depois? Os Cullen te maltrataram?
Bella apertava fortemente minhas mãos ao meu lado. Atrás do vidro que separava Barbara e o interrogador de mim, Bella e os advogados, podíamos ouvir a voz da culpada sair de uma caixinha de som.
Barbara: não. – a voz era embaraçada – com o tempo eu comecei a me sentir... Com inveja. – assumiu, sem um pingo de vergonha.
Interrogador: inveja? De quem?
Barbara: da senhora Bella. – ela não podia nos ver ali atrás do vidro, mais era consciente de nossa presença – ela tinha tudo! Tudo que eu também queria ter e principalmente por que... Comecei a nutrir um sentimento pelo meu patrão, o senhor Edward...
Interrogador: Há... – olhou-a compreensivo – inveja da patroa... Sentimentos pelo patrão... E foram esses os motivos que te levaram a seqüestrar a criança?
Barbara: eu não seqüestrei! – falou alto – eu já te disse... Foi ela! A maluca. Ela contratou o jardineiro para seduzir a senhora Bella e me deu uma boa grana pra tentar fazer o mesmo com o senhor Edward... Mais nem eu nem ele tivemos resposta! Aqueles dois se gostam muito, não tem como separar... Tentamos de tudo qual é forma... Mais parece que existem uma bolha e eles se prendem a si como não da pra explicar... – Bella apertou ainda mais as minhas mãos – quando ela percebeu, partiu para o plano B. Ela queria destruir a felicidade deles... E só tinha um jeito de atingi-los... Pelos bebês.
Interrogador: e o que ela fez?
Barbara: ela deu um jeito de tirar os dois do país, dando a entender que iria fazer algo com a Tabatta! Pensou que não ia ser tão fácil pegar os bebês, porque ela queria os dois. Mais quando descobriu que Thomas e Madu estavam sós com os avôs, sua estratégia mudou. Quando eles estavam na Europa pra buscar a menina, eu pensei que precisariam da minha ajuda pra olhar os gêmeos, porque aqueles dois são difíceis... Fui até a dona Esme e me ofereci pra ajudar... Uma tarde ela foi ao parque com eles. Eu fiquei sozinha com a menina e ela saiu com o menino. Fui levar a menina no banheiro, quando senti algo gelado nas minhas costas... Era uma arma. Peguei a Madu no colo, e me imobilizei. Era a ela, a doida. Eu já não a via há meses, porque depois que ela nos subornou para seduzir nossos patrões, nem eu nem o jardineiro jamais a vimos novamente. Não sabíamos nada dela.
Interrogador: e o que ela fez?
Barbara: me pediu a menina. – sua voz começava a se tornar chorosa – eu disse que ia dar... Apertei a menina no peito, porque eu não pretendia dar mesmo. Ela ia fazer mal pra menina. – agora ela chorava, e apertava as mãos contra o peito – tentei fugir, mais havia dois homens na porta do banheiro barrando quem quisesse entrar, e quem quisesse sair. Ou seja, eu. Eram comparsas dela. Ela começou a me rondar e me ameaçar. Eu disse que não ia dar a menina, e que se ela fizesse algo, eu ia contar tudo pros meus patrões e pra policia. Sabe o que ela fez? Ela riu de mim! Depois veio pra cima de mim, e eu sai no tapa com ela com a menina no colo. Ela se irritou, e apelou... Colocou a arma na cabeça da menina.
Bella estava gelada. Ela não respirava. Olhei para seu rosto, e a vi estática, com os olhos em Barbara.
Edward: Bella... – chamei mais ela apenas me olhou de canto e voltou a olhar para Barbara. – calma.
Interrogador: a criança está morta?
Barbara: não. – disse na hora – quer dizer, não sei agora... Mais na hora, a coitadinha começou a chorar. Ela não afastou a arma da cabeça da menina, e me disse que se eu não entregasse a menina, ela ia matá-la. Eu não tinha outra opção. Entreguei a menina. Mais ai... – uma pausa – ela me disse pra ir junto, porque alguém tinha que cuidar da menina. Me puxou pra fora do banheiro com a menina no colo, depois arrancou o bebê de mim e os dois caras colocaram a menina no carrinho e cobriram ela toda... – eu não agüentava mais a ouvir dizendo “a menina” – então quando saímos do parque, entramos num carro e ela me deu um golpe na cabeça. Apaguei. Acordei horas depois com uns tapas na cara num lugar escuro... A neném estava chorando, e ela me mandou fazer a menina se calar. Olhei em volta, e vi que era um tipo de casa velha...
Bella ficou de pé, com as mãos ao lado do corpo tremendo. Ela olhava para Barbara com os lábios entreabertos, como se desejasse falar algo. Fiquei em pé ao lado dela, abraçando-a de lado.
Barbara: nem era uma casa, era um apartamento. Eu estava numa sala que só tinha uma cama de madeira velha e um colchão empoeirado. Era cheio de sangue... Um cenário de filme de terror. Estava de noite, e a menina chorava muito no carrinho.
Interrogador: Kelly estava lá com vocês?
Barbara: sim, a Kelly estava. Eu fiz a menina se calar... – disse calmamente – a Madu sempre foi mais fácil que o Thomas. Ela ficou quieta, e depois, Kelly a pegou do meu colo, e a olhou atentamente, estudando o rostinho da menina. Ela disse com uma voz de nojo: “é a cara do Edward. Sorte sua, garota, porque o seu pai sim é um homem bonito. O cabelo... O rosto. Se parece muito com a minha filha, também.” Os olhos dela dançavam sobre a menina, e de repente ela olhou bem nos olhos da neném: “mais é claro que tinha que ter alguma coisa daquela nojenta. Ela tinha que estar ai pra estragar uma criança tão perfeita! Mais que olhos marrons ridículos, Maria Eduarda!”. Fiquei surpresa quando ela disse o nome da menina. Ela sabia. Eu perguntei o que ela iria fazer com a menina. Ela apenas me olhou de canto, com desprezo.
Interrogador: não te respondeu?
Barbara: ela me disse: “vou fazer o mesmo que fizeram comigo. Arrancaram-me a minha filha, agora eu vou arrancar a deles”. Ela começou a ninar a menina. “ela se parece tanto com o Edward... Eu o amava tanto, sabe? Ela se parece com ele até mais do que a minha Tabatta... Mais agora não importa! Eu troquei com a piranha da Bella. A Maduzinha agora é minha”. Naquela hora eu percebi uma coisa... Aquela mulher era louca. “olho por olho, menina por menina”
Ela parou durante um bom tempo.
Interrogador: é só?
Barbara: bom, depois disso ela me soltou. Disse que pensando bem, ela não precisava de mim. Que ela ia tomar conta sozinha da menina que era dela. Ela me botou num carro com um dos caras, e me abandonou numa viela escura na madrugada. Eu me escondi de imediato. Sabia que a policia ia vir trás de mim quando a família da menina denunciasse. A ultima vez que vi Maria Eduarda Cullen, ela estava no colo de Kelly, dormindo feito um anjo.
Interrogador: ótimo, Barbara. Você colaborou muito com a polícia. Se o seu depoimento for provado, você poderá ter a pena reduzida em até cinco anos. Mais uma coisa... Pode me descrever a Kelly?
Barbara: pele branca, mais ou menos um metro e sessenta e cinco... Magra, peituda. Olhos verdes, cabelo tingido de preto e natural loiro, porque a raiz dela tava imensa! A cor estava bem escura e o cabelo cortado na altura do pescoço. Ela pode ser o diabo, mais que é bonita é! Naquele dia vestia um vestido elegante preto até os joelhos, decotado... E um casaco de coro bege até os joelhos, com uma toca da cor do casaco. Há, também tinha uma bota preta de cano alto...
Interrogador: sabe chegar a casa onde ela te levou?
Barbara: não... Como eu disse, estava desacordada na ida e na volta estava muito escuro.
Nesse momento, Bella saiu correndo em direção a maçaneta da porta que dava acesso a sala de vidro. Abriu a porta como se sua vida dependesse disso, e berrou para o homem com o rosto banhado em lágrimas...
1 comentários:
ownt tomara que achem a Madu' mimi
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