Capítulo 6
[...] Vou te abraçar até a dor passar...
E agora, enquanto eu puder... Estarei te segurando com ambas às mãos... Pois
sempre acreditei... Que não a nada que eu precise a não ser... Você [...] Nickelback - Never Gonna Be Alone.
POV_BELLA
Eu
sonhava que estava em uma espécie de campo, uma campina talvez. Sentia um rosar
suave na pele de meu rosto e um cheiro de rosa misturado como o perfume estranhamente
familiar de Edward. Eu estava sentada em meio às muitas flores silvestres e de
longe podia vê-lo chegar. Sempre lindo e com o sorriso encantador. Ele andava
calmamente a minha direção, eu estava ansiosa para ele chegar logo, então comecei
a caminhar até ele em passos rápidos. Quando finalmente ficamos frente a
frente, seu perfume me bateu como uma suave brisa de verão, deixando-me
embriagada. Suspirei frustrada, desde que eu comecei a sonhar com Edward,
sempre que finalmente nós ficávamos próximos, o sonho acabava. Abri os olhos já
sabendo que não voltaria a sonhar mais e dei de cara com meu anjo encarnado.
Merda, agora havia dado para ter alucinações, fechei os olhos tentando
despertar novamente e fazer a bela alucinação ir embora e voltei a abrir. Ele
continuava ali, com um sorriso tímido no rosto. Ele era real?
-Oh
merda. Sussurrei.
-Bom
dia. Disse a voz rouca e suave que eu tanto amava. Espera, ele realmente estava
aqui?
Olhei
chocada para ele que manterá um sorriso torto e a face levemente corada.
-Não
é um sonho? Tentei me certificar? Ele estava estranhamente divertido.
-Desculpe-me
entrar assim em seu quarto, mas sua tia permitiu. Explicou.
-Tudo
bem, eu só não esperava que você viesse tão cedo. Era uma meia mentira e uma meia verdade. Eu
queria sim que ele viesse logo, mas não imaginava que ele realmente viria.
-Desculpe,
não quis interromper seu sono, mas eu só queria ter certeza que estava bem. Disse
timidamente. Do que ele estava se desculpando, ele estava ali e isso era tudo o
que eu queria. Fiquei presa em seus olhos de esmeralda e me esqueci de que
havia acabado de acordar. Provavelmente estava toda descabelada e com a cara
amassada.
-Me
dá dois minutinhos? Pedi, acordando para a realidade.
-Perfeitamente.
Fui para o banheiro fazer minha higiene matinal, e tirei meu pijama, colocando
uma calça jeans e camiseta branca. Voltei para o quarto e ele estava em pé, ao
lado da minha cama, olhando atentamente ao piano que eu não tocava há anos.
Corri até ele e o recebi abertamente com um abraço apertado.
-Obrigado
por vir, eu adorei a surpresa. Agradeci. Ele me abraçou de volta protetor e
possessivamente.
-É
para você. Disse ele me oferecendo uma rosa vermelha que provavelmente pegou do
jardim da tia Esme.
-Ah,
é linda. Obrigado. Peguei a rosa, mas rapidamente soltei ao sentir meu dedo
indicador arder por ter sido furado por um espinho. Gemi em desgosto, olhando
para o sangue que saia do pequeno furinho. Muitas pessoas dizem que furar o
dedo era um mau sinal, que algo ruim aconteceria, mas deixei esses pensamentos
de lado ao ouvir sua voz com timbre de
preocupação.
-Oh,
eu sinto muito. Disse pegando carinhosamente em minha mão.
-Sem
maiores danos. Surpreendi-me quando ele levou o dedo furado até os lábios e
sugou todo o sangue que havia ali. Meu corpo todo se arrepiou com este gesto inocente
e eu corei, temendo que ele tenha notado como meu corpo reagia constrangedoramente
ao dele.
-Vou
te levar para tomar café, aceita? Convidou ele. Fiz careta, eu não gostava de
tomar café da manhã.
-Oh,
eu não tomo café de manhã. É costume, desculpa. Disse envergonhada.
-Sem
problemas. O que você quer fazer? Perguntou.
-Saber
mais sobre você. Ele já deveria esperar isso, desde que ele entrou em minha
vida, tudo girava ao redor dele. Sentou-se em minha cama confortavelmente e me
levou junto. Fique deitada entre suas pernas, com parte do corpo escorado em
seu peito. Seus braços estavam ao redor da minha cintura.
-Eu
tenho uma coisa para te contar e não é nem um pouco agradável. Se você sentir
nojo de mim, pelo amor de Deus, fale que eu não vou aparecer em sua vida mais. Disse
ele com o corpo meio tenso. Automaticamente, senti o meu próprio estremecer.
Essa idéia era no mínimo absurda, eu não queria que ele se afastasse de mim.
Não queria perder alguém importante novamente.
-Não
fale assim, eu não quero que você vá embora. Disse tentando mesclar meu
desespero.
-Vamos
ver se você vai continuar com essa idéia depois do que eu te contar. Falou ele sombriamente.
-Pode
falar Edward, eu não vou te julgar. Disse tentando mostrar a veracidade de
minhas palavras.
-Eu
sei. Disse baixinho em tom de desculpa.
-Teve
um dia em que meu pai saiu para trabalhar e a mulher que ficava comigo estava
de folga, por isso meu pai pediu a ajuda de um dos seus seguranças. Ele tremia
o corpo todo. Peguei em suas mãos apertando fortemente tentando transmitir
segurança, elas estavam geladas. -Eu ainda era uma criança e ele me chamou para
brincar. Só que eu não entendia qual a brincadeira que ele queria. Eu estava
com medo das palavras que viriam a seguir. -Ele me violentou.
Meu
corpo todo tremeu. Eu não sabia dizer o que estava sentindo agora, era uma
mistura de medo, dor, tristeza e ódio. Medo pelo fato de Edward ter convivido
com essa dor há anos, sem ter ninguém para compartilhar seus próprios medos.
Dor pelo fato de alguém tê-lo ferido física e psicologicamente. Tristeza, pois
eu sabia que ele ainda sofria com isso, o que me fazia sofrer também. E ódio
pelo desgraçado que fez isso com um menino inocente que não sabia de nada da
vida, ódio por uma pessoa ter a capacidade de fazer mal para alguém tão puro.
Agora eu entendia porque Edward era tão sensível, todos os traumas que ele
havia passado em sua vida, fez com que ele criasse uma barreira ao seu redor,
se protegendo de futuros traumas. Senti meus olhos molhados, eu sentia dor pela
dor de Edward, olhei para seu rosto triste e amargurado, procurando o menino
com o sorriso torto que eu tanto amava.
-Eu
sinto tanto Edward. Disse tocando seu rosto contorcido em tristeza, eu queria
tanto arrancar a dor de seu coração, mas não sabia como fazer. -Não se
preocupe, é claro que eu não vou sentir nojo de você Edward, isso é impossível.
É claro que eu não sentiria nojo dele, era impossível isso, em nenhum momento
se passou por minha cabeça algo desse tipo.
-Mas
Bella, isso é repulsivo, nojento. Argumentou ele. Coloquei meus dedos
suavemente em seus lábios quentes, impedindo-o de falar.
-Não
fale assim Edward, você não teve culpa. É claro que ele não tinha culpa, ele
era apenas um menino indefeso.
-Você
é tão pura Bella, tão perfeita, é um anjo. Eu nunca pensei que fosse ter coragem
de tocar em alguém novamente. Nunca pensei que fosse ter vontade de beijar e abraçar.
Mas você despertou isso em mim Bella, você trouxe vida em muitos pontos mortos
que havia em mim. Eu sorri feliz por tê-lo deixado feliz novamente. Abracei seu
corpo quente como se quisesse protegê-lo. Nossa relação não era comum tipo
“homem é o cavalheiro e a mulher era a dama indefesa”, nossa realidade era
diferente. Eu protegeria Edward, eu o amaria da forma que ele merece.
-Eu
amo você. Disse ele segurando meu rosto suavemente, fazendo-me olhar em seus
olhos. Seus dedos alisavam delicadamente o contorno do meu rosto. -Obrigado por
me trazer de volta a vida. Ele era tão sensível e puro, e eu o amava tanto que
queria mais do que tudo provar isso a ele. Mostrá-lo como ele pode ser feliz,
como ele merece ser amado.
-Me
deixe te amar Edward? Deixe-me te amar e me ame também. Implorei
despudoradamente, olhando fundo em seus olhos. Eu queria que ele confiasse em
mim, que me permitisse amá-lo da forma mais intensa e profunda. Mostrá-lo como
é perfeita a união de dos corpos que se amam verdadeiramente.
-Bella...
O quê? Você? Eu? Sorri como seu desconcerto.
-Desculpe-me
pela minha forma. Hum... Direta de te dizer isso, mas eu quero Edward, quero
mais do que tudo. Disse com as bochechas coradas, não queria parecer uma
desavergonhada pedindo para ele algo do tipo. Você não quer? Perguntei temendo
sua resposta.
-Eu
tenho tanto medo Bella. Medo te de magoar, de te ferir. Disse ele em um
sussurro angustiado.
-Você
só irá me ferir se não me querer Edward. Eu só preciso que você me queira que
você me ame.
-Eu
quero Bella. Por Deus! É claro que eu quero, mas mesmo assim eu não posso me
impedir de ter medo.
-Não
tema o meu amor Edward, eu prometo que ele só te fará bem. Sussurrei olhando
fundo em seus olhos.
POV_EDWARD
-Eu
quero Bella. Por Deus! É claro que eu quero, mas mesmo assim eu não posso me
impedir de ter medo. É claro que eu queria. Tudo o que eu mais queria era o
amor dela, seu carinho. Tê-la para mim sempre.
-Não
tema o meu amor Edward, eu prometo que ele só te fará bem. Disse olhando fundo
em meus olhos. Deixei-me perder na sua imensidão de chocolate.
-Não
é o seu amor que eu temo. Eu temo por...
-Shhh,
você verá, quando estivermos unidos de corpo e alma, nada mais fará você temer.
O meu amor por você é puro e sincero Edward, a única coisa que eu quero e te
fazer feliz. Eu amo você tanto. Eu estava extasiado com suas palavras, ela me
olhava tão intensamente, acariciava meus lábios com seu polegar delicado e
quente. Eu queria amá-la, queria sentir ela me amando. Céus, ela me ama. Ama-me.
Eu nunca havia imaginado que ela poderia me amar da forma intensa que
demonstrava, eu não imaginava que eu merecia ser amado por um ser são sublime e
prefeito como ela.
-Tem
que ser especial Bella, não pode ser assim do nada.
-Vai
ser especial, pode parecer meio clichê o que vou dizer, mais vai ser especial
por que vai ser você comigo. Você sabe que... bem... sou virgem. Disse
timidamente.
-Eu
já imaginava, mas não se preocupe, o seu status não é muito diferente do meu,
pelo menos em partes.
-Então
vamos aprender juntos a nos amar.
-É
o que eu mais quero Bella, meu único medo é te decepcionar.
-Você
não vai, eu sei que não. Ficamos os dois em silêncio. Eu não sabia o que fazer
ou como fazer. Será que ela queria fazer isso aqui? Não seria apropriado, eu
não iria desrespeitar a casa de sua tia dessa forma. Mas também não poderia
levá-la para minha casa, e também estava fora de questão ir para um motel, isso
seria nojento.
-O
que se passa nessa cabeçinha hein? Disse ela massageando os meus cabelos da
nuca. A sensação era tão gostosa, então fechei os olhos aproveitando da carícia
suave.
-Hummn...
Isso é bom! Sussurrei e ouvi seu riso fraco. -Você toca piano? Perguntei de
repente.
-Bom,
eu tocava até antes do meu pai morrer.
Você gostaria de ouvir? Perguntou timidamente. Abri meus olhos e olhei fundo
nos seus.
-Eu
adoraria. Disse. Ela rapidamente se levantou e puxou minha mão me levando junto
a si e fazendo-nos sentar no banco que havia em frente ao instrumento.
-Ignore
qualquer erro, estou meio desafinada. Disse sorrindo encantadoramente. Vi como
os dedos correriam pelas teclas e os suaves timbres das notas invadiram o local
com perfeição. Reconhecia a música imediatamente. A canção suave e profunda
tocava meu coração de uma forma intensa.
Clair De Lune - Debussy
Olhei
para a menina ao meu lado que deixava seus dedos deslizar pelo teclado
suavemente, o ritmo delicado, ela tocava as teclas como se fossem objetos de
porcelana quase que sensíveis ao toque. Eu estava hipnotizado com sua imagem, a
visão era perfeita da delicada menina em frente ao monstruoso instrumento, ela
parecia só uma criança. Eu não imaginava uma forma de amá-la ainda mais, pois
meu coração iria explodir com o sentimento que me dominava. Tudo o que eu mais
ansiava era pelo amor dela. Isabella, a menina mulher que havia despertado em
mim uma nova vida, eu me sentia novo, renascido, tudo por ela e para ela.
Deixei meus dedos suavemente colocar as mechas de seus cabelos atrás da orelha,
pois elas me impediam de ver seu rosto em deleite total. Ela estava com os
olhos fechados, sabia as notas de cor. Um sorriso doce brincava no cantinho dos
seus lábios e isso me fez sorrir também. Meus dedos formigaram em desejo por
tocar sua pele. E assim eu fiz, deslizei-os em sua bochecha suave, com
movimentos leves, assim como ela fazia nas teclas do piano. Ela tocava com a
delicadeza de um anjo para não quebrar a suavidade da música e eu a tocava com
adoração, com medo de deixar alguma marca em sua pele sensível e delicada.
Aproximei-me dela com todo cuidado para não permitir que a música fosse
interrompida e deixei meus lábios delicadamente em sua bochecha, vendo seu
sorriso aumentar. Beijei também sua orelha vendo seu corpo se arrepiar e quando
a música estava em seus últimos acordes, beijei seu pescoço e por último o
cantinho da boca. A música acabou e ela se virou em minha direção e permitiu
que nossos lábios se unissem perfeitamente. O amor resplandecia no ambiente de
seu quarto. Beijei-a suavemente, sugando seu lábio inferior enquanto sua língua
quente circulava o contorno do de meus lábios me deixando fora de órbita. Eu
queria dizer que a amava, mas eu não tinha forças, minha voz não saia, pois eu
estava hipnotizado.
-Obrigada.
Sussurrou ela.
-Não,
obrigado a você Bella. Disse abraçando seu corpo e fazendo-a se sentar em meu
colo. Seus braços envolveram ao redor do meu pescoço e ela escorou a cabeça em
meu ombro.
-Clair
De Lune? Perguntei me referindo à melodia.
-Conhece
Debussy? Perguntou surpresa.
-Depois
eu te explico de onde, agora acho que tenho que fazer um pedido. Disse meio hesitante.
-Pedido?
Que pedido? Perguntou confusa.
-Isabella
Swan, você me daria à extraordinária honra de namorar comigo? Ela nada
respondeu, apenas ficou olhando em meus olhos com um sorriso doce nos lábios. Suas mãos
brincavam com meus cabelos suavemente. Peguei a corrente que havia em meu
pescoço, era uma jóia feminina, mas eu usava desde que era criança e não me
importava com isso. Era uma jóia de família, vovó Cullen havia me dado no meu
aniversário de sete anos e disse que quando eu ficasse mais velho, entenderia
sobre o amor e daria esse presente a alguém especial. Eu nunca havia acreditado
nisso, nunca imaginei encontrar alguém especial, então eu usava sempre.
Coloquei na palma da mão de Bella que olhava a jóia fascinada.
-Eu
não tenho uma jóia cara no momento, nem mesmo um anel, mais esse colar tem
muito valor sentimental imenso para mim, então peço que aceite por hora.
-É
lindo Edward. Ajudei-a colocar o colar no pescoço e dei um singelo beijo em seu
colo, onde o pingente permanecia. -Sim, eu aceito namorar com você. Mesmo se
você me desse um daqueles anéis de chiclete, eu ficaria extremamente feliz.
Ela sorria genuinamente, eu não tinha mais o
que falar no momento, eu apenas abracei-a e permiti que o calor de seu corpo me
aquecesse. Ouvimos alguém bater na porta e logo Bella permitiu que entrassem.
Eram Esme e a menina que trabalhava no café com Bella.
-Oi
casal, desculpe-nos por interromper, mas ficamos tão felizes ao ver que Bella
voltou a tocar que não resistimos. Disse a menina saltitante enquanto Bella corava.
Já que ninguém faz as apresentações, eu sou Alice, meia irmã de Bella.
-É
um prazer Alice. Disse tentando oferecer minha mão a um cumprimento, mas
falhando, pois Bella ainda estava em meu colo.
-Bom,
posso roubar a Bella só um minutinho? Pediu fazendo carinha de cão sem dono.
-Claro.
-Espera
aqui que eu já volto. Sussurrou ela somente para eu ouvir. Enquanto Bella
estava fora, olhei para o quadro de fotos que havia na parede. Muitas fotos
antigas estavam ali. Ela com o rosto todo sujo de chocolate, dentro de balde
minúsculo, com o pai dela, com muitas crianças e também em sua formatura do
colegial. Isso me fez lembrar que ainda havia muita coisa sobre minha vida que
ela ainda não sabia e que deveria saber. Ela entrou pelo quarto rindo e com as
bochechas extremamente coradas. Isso me deixou curioso, qual foi o motivo para
ela se envergonhar tanto?
-O
quê? Perguntei.
-Nada,
só Alice, me constrangendo.
-Qual
o motivo para o constrangimento? Perguntei curioso.
-Você.
Disse simplesmente.
-Não
vou querer saber sobre isso não é? Perguntei rindo. Seu estado de humor era
contagiante.
-Sem
dúvidas não. Ela me deu uma ideia.
-Que
tipo de ideia? Perguntei curioso.
-Bom,
hoje é o dia que Esme combinou com alguns pintores de fazer uma mudança na
casa, assim não teremos sossego. O que acha de irmos para meu AP?
-Você
tem um AP? Perguntei rindo.
-Bem,
na verdade é meu e da Alice. Desde que começamos a trabalhar, juntamos dinheiro
para comprar um lugarzinho só nosso. É bem simples, foi o que deu para comprar e
até hoje nós pagamos.
-Bom,
eu vou adorar conhecer sua segunda casa.
-Que
bom, ela já esta quase toda mobiliada, você vai adorar.
-Tenho
certeza que sim. Bella, eu quero conversar com você.
-Claro,
sobre o que você quer falar? Perguntou confusa e preocupada.
-Na
verdade, acho que eu não deveria ter te pedido em namoro. Disse meio desconsertado
sem saber como falar. Ela vacilou, apoiou sua mão na beira da cama e se sentou.
Fiquei preocupado com sua reação.
-Você,
não quer mais? Perguntou em um sussurrou sofrido. Seus olhos estavam vermelhos
e afogados em lágrimas. Oh merda! Agora acabo de notar a burrada que havia
feito. Aproximei-me dela desesperado e a peguei em meus braços.
-Desculpe
Bella, eu não quis dizer isso. Disse angustiado.
-Como
não. Disse quase chorando e desesperada fugindo de meus braços. Você fez aquele pedido lindo pra que Edward,
por que fez isso? Você não pode ter brincado esse tempo todo, não pode. Ela dizia
desesperada, andando de um lado para o outro. Eu estava mais desesperado ainda,
não foi nada disso que eu queria dizer, apenas escolhi as palavras erradas.
-Não,
Bella escuta.
-Vai
embora Edward, se você não quer, não tem mais o que fazer aqui. Gritou ela a
plenos pulmões.
Salve-Me
- Remy Zero
Eu
não poderia permitir que ela continuasse a pensar que eu não a queria. Depois
do momento perfeito que acabamos de ter, iríamos brigar por um erro estúpido de
minha parte. Eu tentei me aproximar dela, mas ela sempre se afastava. Eu já
estava ficando louco. Ela não poderia continuar a fugir assim. Fui mais uma vez
até ela e segurei seus braços.
-Me
solta Edward, me solta. Não a deixei terminar, se ela não me deixaria falar,
ela também não falaria nada. Puxei seu corpo contra o meu, grudei nossos
lábios, fui um pouco violento, mas ela não apresentou nem uma resistência e
deixou seus braços ao redor de meu pescoço. Abracei sua cintura, permitindo que
o mínimo espaço que havia entre nos sumisse. Sua língua entrou em contato com a
minha e um gemido baixou escapou de minha garganta. Ela me abraçava com tanta
força, seu corpo estava prensado pelo meu contra a porta. Nossos lábios se
sugavam com intensidade e quando o ar faltou, separamos minimamente apenas para
eu sussurrar antes que ela me impedisse.
-Bella,
eu te amo, eu só me expressei mal. Deixe-me explicar o que eu queria dizer. Implorei.
POV_BELLA
Eu
estava desesperada, essa dor em meu peito era insuportável. Como assim ele não
me queria? Depois das palavras lindas que ele me disse, ele não queria mais,
ele mentiu? Eu fiquei louca, a dor em meu peito não me deixava raciocinar
direito. Eu não poderia perdê-lo, nunca, eu não agüentaria. Seria dor de mais
para mim. Edward entrou em minha vida, e foi para ficar, pelo menos para mim.
Eu nunca amaria ninguém da forma que eu o amo. Mas na hora em que ele me beijou
tudo em minha mente sumiu. Só havia eu e ele no espaço, sua língua fazia um
estrago em minha boca, seu gosto delicioso me embriagava, eu respirava através
de lufadas, o ar que entrava em meus pulmões era repleto de seu perfume. Senti
meus pulmões protestarem pela falta de ar. Eu estava prensa entre seu corpo e a
parede, mas não tinha a mínima vontade de sair de lá. Quando nossos lábios se
separaram milimetricamente, seu sussurro aquietou meu coração momentaneamente.
-
Bella, eu te amo, eu só me expressei mal. Deixe-me explicar o que eu queria
dizer. Eu não disse nada, apenas olhava para o movimento hipnótico de seus
lábios.
-Eu
só queria dizer que você precisava saber de todo o meu passado antes de fazer
qualquer pedido, não queria que você se sentisse pressionada por causa de nosso
namoro após saber a verdade.
-Me
desculpe Edward, eu agi como uma completa idiota. Sussurrei sentindo minhas
bochechas corarem. Ele deu uma leve mordida no local avermelhado e sorriu.
-Mais
calma? Perguntou.
-Sim.
Mas não é por isso que você precisa me soltar. Disse na hora que ele começou a se afastar.
Ele apenas sorriu e me puxou para a cama, onde nos fez sentar da mesma maneira
que antes. Seus braços estavam ao meu redor. Eu me apertei contra ele, com medo
de que qualquer coisa acontecesse contra nós.
-Depois
que minha mãe foi embora, meu pai não era mais o mesmo. Ele não falava mais
comigo, me ignorava. Era como se a minha existência na vida dele não fizesse a
menor diferença. Eu não gostava dessa mudança em nossas vidas, depois que minha
mãe deixou a mim e meu pai, eu precisava do meu pai mais do que tudo. Precisava
do seu amor e ele me negou isso. Eu até hoje não entendo porque ele deixou de
me amar, porque ele me amava sim. A forma como ele me tratava antes era tão paterna.
Eu queria tanto entender porque minha mãe foi embora, porque meu pai não me ama
mais.
-Você
já tentou falar com ele? Sugeri.
-Eu
ainda era uma criança, e agora, ele nem olha em minha cara. Sabe qual é a pior
parte de tudo isso Bella? Saber que ele me amou um dia e que tem um motivo,
totalmente desconhecido por mim, que o fez se afastar. Fez com que ele me
tratasse como um bastardo, alguém sem importância nenhuma. Foi por causa dele
que eu virei dependente químico. Confessou envergonhado. Eu não esperava isso,
não conseguia imaginar como alguém pudesse fazer tanto mal contra o próprio
filho. Edward é tão amável, não merecia todo esse sofrimento. Levantei-me de
seus braços e me sentei atrás dele, escorando meu corpo na cabeceira da cama e
trazendo ele até mim. Seus braços envolveram minha cintura e sua cabeça
repousou entre meus seios enquanto meus dedos se enrolavam em seus cabelos
bagunçados. Não falei nada, deixei que ele se sentisse a vontade para continuar
sem nenhuma pressão.
-Eu
ainda era uma criança, não gostei nem um pouco de ser obrigado a usar drogas,
mas com o passar do tempo, meu corpo foi se acostumando com a sensação que ela causava.
Deixava-me em êxtase, foi por isso que eu parei de estudar, não sou analfabeto,
mas também não terminei os estudos. Agora eu já estou limpo, eu frequentei uma
clínica por um bom tempo e hoje eu já posso ser considerado ex-dependente
químico. Eu continuava a acariciar seus cabelos, processando tudo o que ele
havia me falado. Isso tudo era ridículo, não havia possibilidade de meus
sentimentos por ele diminuir por causa disso.
-Qual
seu maior medo Edward? Perguntei. -Porque você acha que a qualquer momento eu
vou lagar tudo por causa de algum fato do seu passado?
-São
tantos medos Bella, mas o principal de todos é que você note que eu não sou bom
para você, isso é a única coisa que eu temo.
-Não
a motivos para temer Edward, eu vou te ajudar a reconstruir sua vida. Se você
quiser, posso te ajudar a voltar a estudar. Não pense que não tem mais jeito
para você, pois tem sim.
-Eu
tenho medo de ter uma recaída Bella, eu já tive tantas recaídas durante o
tratamento.
POV_EDWARD
-Há
quanto tempo está sem usar drogas? Perguntou ela.
-Pouco
mais de um ano.
-Então,
você é forte, eu sei que você consegue. Disse confiante.
-Nunca
vai sair da minha cabeça o dia em que eu tive minha primeira recaída.
Flashback ON
Eu
me sentia como um louco no manicômio. Aquele quarto todo branco, as roupas
brancas, tudo me deixava louco. Eu estava caído em um canto qualquer do quarto,
meu corpo tremia em ânsia pela sensação da droga entrando pela minha narina. Eu
precisava disso, se não àquelas pessoas iriam me pegar. Tinha muitas crianças
no quarto comigo. (Nota da autora: As
crianças são tudo alucinação da cabeça dele, ok?) Elas apontavam o dedo
para mim e ria, gargalhavam do meu sofrimento. Eu queria bater nelas, pois elas
não eram crianças boazinhas, elas eram más e com o tempo seu rosto ia
envelhecendo e se tornava o homem que apareceu em casa junto com minha mãe e
falou que meu nome era gay. Eu socava o ar, tentando acertar as crianças, mas
elas eram apenas fumaça. Corri até o banheiro tentando me esconder. Lá elas não
entravam. Meu corpo continuava a tremer. Mas quando eu vi o sabonete em cima da
pia, meu corpo cantou em desejo. Peguei o sabonete que também era branco e
raspei a lateral com a escova de dente. Não era pó, os resíduos eram farelos do
sabonete, mas eu estava satisfeito com isso. Fiz uma única fileira e aspirei.
Minha cabeça rodou, meus olhos lacrimejaram e meu nariz queimou. A sensação,
inicialmente, era horrível. Mas depois meu corpo flutuou em alívio. Voltei para
o quarto e não havia criança para me atormentar. A porta foi destrancada e de
lá entrou um dos enfermeiros que cuidava de mim. Seria uma boa hora para tentar
fugir. Parti para cima dele, mas o mesmo facilmente se esquivou. Ouvi seus
gritos quando ele prendeu meus braços para trás e logo pude ver vários homens
conversando e senti uma agulha entrando em minha veia do braço. Tudo começou a
rodar e eu fiquei preso na escuridão.
Flashback OFF
-É
por isso que eu tenho medo. Medo de o vício voltar.
-Posso
te ajudar com isso? Sussurrou ela.
-Como
Bella? Perguntei angustiado. Seus dedos me apertaram os cabelos e ela puxou meu
rosto para olhar em meus olhos.
-Vicie-se
em outra coisa. Sussurrou contra meus lábios. -Vicie-se em mim! Essa seria uma
coisa fácil, aliás, já estava viciado nela. Em tudo, seu cheiro, sua pele, sua
pureza, seu sorrisos. Colei nossos lábios suavemente, curtindo a sensação de
calor que emanava de seu corpo. Abracei-a apertado contra mim, sentindo todo
seu corpo se moldar ao meu enquanto eu deitava em cima dela. Nossos beijos eram
sôfregos, as línguas lutavam em uma guerra onde os dois eram vencedores. Minhas
mãos não ficavam em um lugar certo, passeava por todo seu corpo, ela toda era macia.
Quando o ar nos faltou, separei nossos lábios e desci até seu pescoço, dando
beijos suaves e delicados. Não sabia o que fazer ou como fazer me sentia
inseguro e excitando.
-Eu
quero você Edward, faça amor comigo. Oh Deus, sim. Eu queria gritar bem alto,
sim, tudo que mais quero é fazer amor com você, entretanto, deixei minha
respiração se acalmar, assim como a dela e a olhei em seus olhos.
-Eu
também quero você, também quero fazer amor com você, mas aqui não é o lugar certo.
Deixa-me achar um lugar onde seja perfeito para nós dois, ai eu prometo que vou
fazer tudo ser maravilhoso.
-Eu
espero Edward, o tanto que for preciso.
-Obrigado.
Ia beijá-la novamente, mas fui impedindo pelo barulho de batidas na porta. Bella
deitou-se comportadamente ao meu lado e eu prendi riso com seu ato.
-Pode
entrar.
-Olá
crianças. Saldou Esme.
-Só
queria avisar que pintor já está ai.
-Certo
tia, nós já estamos de saída. Saímos do quarto e fomos para outro, que seria de
Alice.
-Allie,
tem certeza que você não vai? Perguntou Bella se referindo a ir para o AP
delas.
-Não
Bella, vou para casa do meu bebê. Disse ela se referindo ao namorado. -Mas aproveitem.
Sorriu maliciosa.
-Certo,
até mais Allie.
-Tchau
Bella, Edward.
-Tchau.
O
fim da tarde com Bella foram maravilhosos. Almoçamos em um restaurante italiano
e depois caminhamos pelas praças de Port Angeles. O tempo estava frio então
decidimos ir logo para casa.
O
prédio era bonito, bem simples e nada comparado ao luxo em que eu vivia com Carlisle.
Fiquei encantado com a delicadeza e simplicidade do local, era calmo, tranquilo
e familiar. Eu preferia mil vezes viver aqui à mansão de Carlisle. O
apartamento era no último andar e Bella me fez subir oito lances de escada,
pois tinha medo de elevador. Ri com isso, havia muitas coisas sobre ela que eu
também não sabia, mas que faria questão de descobrir. Bella abriu a porta e
quando entramos ficamos ambos chocados. A sala toca estava iluminada por velas,
a mesa de jantar estava pronta para duas pessoas e a aura do local era
romântica. Olhei para Bella, que também estava boquiaberta, com certeza era uma
surpresa para ela também, fomos até a mesa e lá havia um cartão.
“Bella e Edward
Aproveitem o momento a sós, e
apreciem com moderação meus dotes culinários. Hoje à noite é de vocês e para
vocês. Podem me agradecer depois. Com carinho.
Alice.”
Olhei
de relance para Bella, que estava corada e mordia deliciosamente seus próprios
lábios.
-Alice
sempre tem o timing perfeito. Sussurrou ela.
POV_CARLISLE
Havia
saído mais cedo do trabalho e em casa fui direto para meu escritório. Eu queria
descansar minha cabeça de todos os problemas presentes e passados. Mas ao ver
minha empregada entrar em um rompante pela porta, tentando barrar uma mulher
que discutia com ela, percebi que minha noite seria longa. Elizabeth. O que
essa vadia queria aqui?
-Desculpe
senhor, ela disse que você a receberia.
-Tudo
bem Maria, pode ir agora.
-Certo.
Esperei a mulher sair em passos cansados pela porta e olhei para a mulher
repulsiva que eu aprendi a odiar.
-O
que faz aqui Elizabeth?
-Qual
problema Carl, não posso fazer uma visitinha para meu filho? Perguntou
sarcástica.
-Seu
filho? Seu filho? Ora, vá à merda mulher. Edward deixou de ser seu filho no dia
em que você nos abandonou. Fiquei confuso ao ouvir sua gargalhada estrondosa
ecoar pelo cômodo.
-Como
você é tolo Carlisle. Pouco me importo com aquele moleque mimado. O único
motivo para eu estar aqui é para te fazer um convite.
-Que
tipo de convite? Perguntei com o maxilar trincando.
-Para
a missa de sétimo dia de seu filho Anthony.
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