domingo, 9 de setembro de 2012

Entrevista de Kristen e Garrett Hedlund para o The Star – Press Junket de Na Estrada em Toronto


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Na Estrada, a adaptação de Walter Salles, do romance imprevisível da geração Beat de 1957 de Jack Kerouac, que está recebendo sua estréia norte-americana no TIFF antes do lançamento no final do ano.

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E a experiência intensa de fazer Na Estrada, que teve anos de planejamento e incluiu um acampamento com leituras de escritores Beat, não podia deixar de ter um efeito transformador sobre todos os envolvidos. Esse é certamente o caso de Stewart, e também seu co-star Garrett Hedlund, que se juntou à ela para uma entrevista com The Star.

“Para dizer que este filme me abriu de certa forma, soa muito óbvio, mas é f**** isso”, diz Stewart, que leu o primeiro clássico de Kerouac com 15 anos.

“Eu não estou apenas dizendo isso. O livro teve um efeito tão grande em quem eu queria ser com 15 anos, que é um momento muito importante e formidável”.

Adiciona Hedlund: “Como você expressa o fogo do qual (Kerouac) expressou isso? Esse é o obstáculo,  e isso é realmente o que você está pensando o tempo todo. Mas no final do dia, eu sinto que eu me tornei uma pessoa muito mais forte. Os pensamentos que eu tinha que pensar, os sentimentos que eu senti… me fizeram muito mais forte”.

Na Estrada define Stewart como a dinâmica e enigmática adolescente,  Marylou, a mulher que viajou e que fez amor com ambos, o selvagem Dean Moriarty, interpretado por Hedlund, e o cerebral Sal Paradise, interpretado por Sam Riley.Para o pensamento de Stewart, a quilometragem mitificada de Moriarty e Paradise – pseudônimos na vida real dos amigos Neal Cassady e Kerouac – nunca poderia ter acontecido se não fosse por Marylou, que é baseada na primeira esposa de Cassady, Luanne Henderson, que tinha 15 anos de idade quando eles se casaram.

“Isso foi a ponte”, diz Stewart, do relacionamento de Marylou/Luanne, tanto amoroso e amigável, com Dean/Neal e Sal/Jack.

“Eu acho que houve definitivamente um traço comum que eles poderiam ter por causa dela. Eles poderiam ter encontrado através de outra coisa se ela não existisse, mas havia uma confiança que eles tinham apenas porque partilhavam dela”.

Adiciona Hedlund, 28: “Ela era como a garota entre irmãos gêmeos, que tinham quantidades opostas de paciência”.

Stewart e Hedlund sabem como o público moderno vai reagir ao sexo, drogas e jazz de Na Estrada. Isso chocou tanto as pessoas no final de 1950, que muitas vezes rasgavam a capa do livro, se eles estivessem lendo em público.

“Não é mais tão chocante usar drogas e fazer sexo promíscuo”, diz Stewart.

“Não é muito chocante ver as pessoas nuas. Eu odeio colocar desta forma, mas quando eu li o livro eu tinha 15 anos. Eu acho que estava talvez um pouco mais fascinada em me empurrar um pouco mais longe e ser um pouco rebelde, ou o que quer que você faça nessa idade. Você quer se motivar”.

Salles, o diretor brasileiro, que passou muitos anos trabalhando para conseguir os direitos de Na Estrada e também para fazer um roteiro satisfatório, diz que Marylou é uma personagem fascinante e Stewart era exatamente a mulher certa para interpretá-la. Assim que ele conheceu Stewart, depois de ver o seu desempenho no drama de Sean Penn, Na Natureza Selvagem, ele sabia que tinha encontrado sua Marylou.

“Ela conhecia Na Estrada muito bem, mas ela também entendeu Marylou de uma forma que foi muito, muito original. E eu não pensei duas vezes. Eu a convidei nesse ponto, porque eu queria alguém que pudesse entender o que motivou esse personagem, mais do que qualquer outra coisa”.

“O fato de que ela tinha a paixão e o desejo, mas também o entendimento do personagem, e o que faz ela [personagem] ser complexa, foi muito interessante”.

Salles também ficou impressionado com o quanto Hedlund já estava dentro da mente de Moriarty/Cassady, quando o jovem ator fez o primeiro teste para o papel em 2007. Hedlund tinha feito uma viagem de ônibus de três dias, partindo de Minnesota, para ver a sessão de elenco, durante o qual ele manteve um diário.

“Ele disse, ‘Você se importa se eu ler alguma coisa para você?’ E leu o que tinha escrito durante sua jornada. Era como se eu estivesse ouvindo a prosa de Neal Cassady em suas cartas. Ele estava muito sincronizado com isso”.

Hedlund diz que tudo sobre Na Estrada foi profundo.

“Eu acho que isso nos permitiu ter a capacidade de nos expressar de uma maneira muito mais livre e de forma aberta. Eu acho que antes de fazer este filme, se você me fizesse uma pergunta, eu provavelmente teria te pedido pra escrever a pergunta e eu teria sido capaz de te escrever uma resposta nos próximos dias, em vez de me expressar melhor”.

Adiciona Stewart: “Eu ainda estou nessa posição!”.

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