quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Entrevista traduzida de Angela Sarafyan para a revista ‘Content Mode’

imagebam.com
ANGELA SARAFYAN
New York, NY / 29 de Julho de 2012
Por Jaimie Kourt
Editado por Jeanette Zhu

Onde você nasceu, onde você vive, e existe algum lugar que você gostaria de viver um dia?

Angela Sarafyan: Eu nasci na Armênia, e eu tenho vivido em Los Angeles desde que tinha quatro anos. Algum dia, eu gostaria de viver em Manhattan. A França é outro lugar que eu adoraria viver. Eu nunca fui [lá], mas [eu] gostaria de um dia viver numa pequena vinha por lá.

Você pode determinar se o seu destino tem sido determinado por um fator de lugares que viveu ou que você esteve?

AS: Essa é uma grande questão. Meu destino! Eu acredito que muito está sendo escrito em cada segundo do dia, com os lugares que eu estou e as ações que eu tomo. Eu me sinto feliz por ser uma menina de Los Angeles, que sabe o que é realmente LA sem todo o exagero do negócio. Antes de me tornar uma atriz, eu estava tão longe disso como qualquer pessoa em qualquer parte do mundo. Eu estava perto das estrelas no chão em Hollywood. Eu pulei sobre esses nomes e andei sobre as calçadas brilhantes com minha avó, mas isso é tudo o que eu sabia sobre o negócio. E é uma cidade muito real – e eu estava crescendo por mim.

No entanto, posso dizer que meus objetivos na vida, realmente, vieram dos meus pais incentivando-me a procurar o que eu amava e que me puxava pra frente. Eu sabia desde cedo que isso [atuar] era o que eu queria fazer. Era uma forma de sobrevivência – sem estar atuando ou sonhando ou vivendo em histórias ou vivendo neste mundo de mentira, eu estava fora de equilíbrio. Eu tinha praticado outras formas de arte, como piano, ballet e canto, mas com a atuação pude finalmente respirar. É por isso que eu sabia desde uma menina que eu tinha que viver vidas diferentes e interpretar personagens.

Quais elementos de você, de sua personalidade para se vestir, senso de humor ou escolhas de vida que foram influenciados por esses lugares acima, ou qualquer outro que você pode ter encontrado com o seu trabalho e viagens?

AS: Eu amo campos de flores. Vou esclarecer, antes de me mudar para Los Angeles, eu me lembro muito da minha vida na Armênia, quando era uma menina. O que resta são esses belos campos de flores silvestres que se extendem por quilômetros e algumas das roupas que eu uso agora têm essas flores neles. Mas crescer em Los Angeles, depois de ter passado a maior parte da minha vida no palco, uma certa classe foi cultivada. Através da música do ballet clássico, um senso de beleza “clássica” era automaticamente uma parte da minha vida, graças ao grande gosto da minha mãe. Para o dia, eu gosto de simples vestidos vintages florais. Para a noite, o clássico ‘Grace Kelly’ em “Janela Indiscreta” me direciona a ir.

Se você pudesse trocar de lugar com qualquer pessoa no mundo, quem seria?

AS: Gostaria de trocar de lugar com minha mãe quando ela era jovem. Ela costumava desenhar suas roupas. Ela fazia o esboço, escolhia o tecido e cores, e minha avó costurava. Não havia outra peça como aquela, e eu lembro de ser uma menina e pensar “Eu vou usar essas roupas quando eu crescer”. Elas seriam literalmente as roupas vintage que compro para mim agora, apenas seus projetos.

O que te chateia com a moda?

AS: Meus panos marrons que eu continuo pegando pra consertar porque todos eles estão desgastados. Além disso, as minhas botas pretas que eu tenho desde que eu tinha 13 anos. Eu as fico restaurando também. Eu amo sapatos.

O que ou quem faz você rir?

AS: Minha mãe e meu amigo Keith me fazem rir.

Qual é a última coisa útil que você aprendeu?

AS: Eu aprendo a manter a paciênciade que meu irmão tem.

Existe algum personagem de um livro, filme, ou peça teatral que você se identifica ou que poderia ser como algum amigo?

AS: Eu gostaria de ser amiga do ‘Ratatouille’. Ele cozinha uma comida delicosa e nós podíamos viver juntos em Paris. Que um sonho!

O que você ama em sua personagem Tia na ‘Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 2′?

AS: Não pareço em nada com Tia, a vampira egípcia que interpreto no filme. Acho que a transformação de mim (que é um tipo vintage usando nenhuma maquiagem de menina) para Tia (que é a sereia egípcia) realmente emocionante. É divertido viver no mundo dos vampiros por um momento de minha vida. Ser essa energia e ser este animal é legal. Isso mudou-me, me fez sorrir. Todos os personagens têm um efeito sobre mim. Mas o que foi especial foi que eu conheci algumas pessoas boas. Estou feliz por ter passado um tempo em ser vampira com alguns atores criativos. Eu acho que o nosso clã era especial – nós éramos como uma pequena família de verdade.

Em seu próximo filme ‘Low Life’, você interepreta a irmã de Marion Cotillard. Você está trabalhando também com James Gray e Phoenix Joaquim, que já fizeram alguns filmes emblemáticos juntos. Você tem uma certa experiência cinematográfica mágica quando você trabalha com esses talentos?

AS: A partir do momento que li o roteiro de James Gray, antes mesmo do teste para o filme, eu estava tão profundamente comovida e ligada a esta história. Foi uma experiência muito especial para viver com esse script, a audição para este filme, para voltar e fazer um teste para James, e depois de viver através da sessão de fotos em Nova York e gravar o filme. Porque meus pais imigraram para a América, eu entendo agora, especialmente sendo adulta, o que os levou a ter coragem de deixar tudo que você construiu em seu país, incluindo toda sua história e parentes, e vir com uma ou duas malas que contém todos os seus pertences para um país que é estranho para você em todos os sentidos.

Eu posso dizer isso sobre o trabalho com Marion … na simplicidade dos momentos que nós criamos, nós não conhecíamos uma a outra, mas a conexão humana, a conexão entre irmãs de alguma forma aconteceu em segundos. Me senti imensamente conectada à ela. É por isso que eu amo atuar. Às vezes, os momentos mais íntimos acontecem no cinema. É mágico.

James é uma pessoa muito engraçada e boa. Sua voz e do jeito que ele fala sempre me fazia rir, mas junto com o seu humor, ele criou um ambiente que deixava quase todos florescerem criativamente. Havia uma ideia do que estava para acontecer, mas como acontecia era só viver aqueles momentos. Sua presença no set e do jeito que ele passava sobre o trabalho me incentivou a ser livre e realmente fazer o que eu precisava fazer. Era quase como se não houvesse regra. Eu não acho, eu tenho trabalhado com um diretor flexível e acolhedor, com ideias de todos os envolvidos, desde o cara da câmera para os atores e para o cinegrafista. Ele era como uma criança brincando e constantemente descobrindo as coisas, sempre disposto a tentar coisas diferentes. Eu amo isso! Estou tão feliz de ter experiências assim em minhas lembranças agora.

Você chegou a filmar em Ellis Islands? Você tem uma história sobre o que vai ficar em sua memória?

AS: Eu tinha ido à Ellis Island, antes de começarmos a filmar. Eu li os livros, olhei para a história, e peguei uma Balsa para a Estátuta da Liberdade. Eu estava pasma só de imaginar o que deve ter sido para as pessoas que viveram naquele tempo [perseguir] o sonho americano, a viver em liberdade. Imagine pegar um barco para fora de seu país por semanas com todos os seus pertences e tudo o que você já conheceu e chegar à esta ilha onde você quer chegar, deportado, ou esperar seis semanas para ouvir o seu destino. Este é o lugar onde o seu destino se encontra. Eu estava imaginando, entre os cartazes de museus e todas as coisas que eles têm para os turistas o que realmente parecia naquela época nestas paredes. E então, [sobre] o dia final da nossa sessão, estávamos filmando em Ellis Island, e montaram o quarto exatamente [como era naquela época]. Você vê as fotos com todas as pessoas – e quando digo isso, fico muito emocionada, como eu estava nesse dia durante toda a nossa filmagem – porque lá estava ele, em carne e osso. Mais uma vez, o cinema mágico … as coisas que podemos fazer ao fazer um Filme. Somos como crianças. Temos licença criativa para interpretar! Fiquei tão comovida apenas assistindo tudo isso ganhando vida. Para dizer o mínimo, foi uma experiência muito especial trabalhar neste filme. E eu estou verdadeiramente acanhada.

Qual foi o momento mais memorável até agora – ou esse momento ainda está por vir?

AS: Você sabe o que é fascinante? Eu percebi isso hoje, respondendo a estas perguntas aqui em Manhattan direto da ‘Bliblioteca pública de Nova York’: a de que vivemos diferentes vidas ao longo de nossas próprias vidas. Quando eu tinha 11 anos de idade, as pessoas na minha vida – que eram meu pai, mãe, tios, avós – e todo o resto existia para fora da minha porta. Eu podia sentir seu amor sem fim, sabendo que eles estavam conversando, tendo um churrasco e rindo. Eu não tenho o mesmo tipo de experiência, hoje, ou mesmo aqueles lugares para ir. As pessoas passaram ou aquelas casas foram vendidas e não existem mais, e eu não tenho 11 anos de idade mais. O mundo, junto com nós mesmos, cresce e muda e novas realidades são criadas. Por isso, eu não posso dizer que há um momento particular que se destaca, mas sim, eu sonho com os momentos que se passaram e estou ansiosa para os momentos que virão.
 
 

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